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Viola Brasileira | Brazilian 10 String Guitar

đŸ‡§đŸ‡·Â Viola Brasileira, tambĂ©m conhecida como Viola Sertaneja ou Viola Caipira, instrumento que visualmente parece um violĂŁo mas possui alma completamente diferente. Um violĂŁo brasileiro tem 6 ou 7 cordas de nylon, jĂĄ a viola tem 10 cordas de metal. Suas afinaçÔes tambĂ©m sĂŁo diferentes, com nomes bonitos como CebolĂŁo, Rio a Baixo etc.

NĂŁo deixe os termos “caipira” ou “sertanejo” te enganarem. Se essas palavras tem o estigma (distorcido) de algo simplĂłrio, atrasado, ingĂȘnuo ou remoto, os mĂșsicos e o universo da Viola Caipira sĂŁo na verdade bastante eruditos, tem formação musical avançada e universal e fazem uma bela e importante ponte entre toda sua erudição com a cultura rural, do boi, do campo, da colĂŽnia e de um Brasil rĂșstico e nostĂĄlgico, cheio de sotaque e longe da cidade grande.

A Viola de hoje Ă© um instrumento que sĂł existe no Brasil, motivo suficiente para valorizarmos seu universo. O estilo dos violeiros foi se transformando ao longo dos anos e das regiĂ”es do Brasil. No circuito tradicional temos Renato Andrade como um Ă­cone. Sua histĂłria Ă© parecida com a de outros violeiros famosos: formação erudita — de violino, no caso de Renato — que a certa altura da vida se inclina para as maravilhas da viola. Eu considero Renato o Mozart da viola caipira pois nĂŁo criou estilos, nĂŁo revolucionou nada, mas deixou um legado emocionante e lindo. É como se sua obra fosse um eixo referencial de onde derivam as inovaçÔes de violeiros mais recentes.

No circuito inovador, Paulo Freire Ă© um dos que merece menção. Inspirado pelo Grande SertĂŁo: Veredas, de GuimarĂŁes Rosa, partiu para o Vale do Urucuia descobrir como era o som do sertĂŁo. E lĂĄ conheceu Manoel Oliveira, lavrador que lhe ensinou sua viola em troca da ajuda de Paulo na plantação. Acredito — e acho que Paulo concordaria comigo — que sua formação violeira nĂŁo estaria completa se nĂŁo fosse seu tempo de lavrador no sertĂŁo de Minas, alĂ©m das aulas de mĂșsica. O Duofel, apesar de sua veia vanguardista paulistana que nunca Ă© associada com a viola, Ă© um duo de viola brasileira (o Fernando) e violĂŁo (o Luis). Ainda no circuito novo, temos Neymar Dias, multi-instrumentista da cena paulistana que trafega com sua viola de Bach, de Beatles, ao mais moderno, sem deixar as clĂĄssicas modas de viola e guarañas de lado. InesquecĂ­vel tambĂ©m o Ricardo Vignini que explora diversas possibilidades da Viola, e na Beijando o cĂ©u que escolhemos aqui, trouxe ninguĂ©m menos que o guitarrista LĂșcio Maia, do Nação Zumbi, para lhe acompanhar.

Na seleção, tentei cobrir o Brasil inteiro, do Sul de Valdir Verona ao Nordeste de Adelmo Arcoverde. Mas calma que sempre vai ter mais Viola em todos os programas.

🇬🇧 Viola Caipira (as defined on Wikipedia) looks like an acoustic guitar but has a completely different soul. Instead of 6 or 7 nylon strings of an acoustic guitar, the viola has 10 metal strings with unique tunings. While commonly associated with folk music of the countryside and its simple life, the violeiros (viola musicians) have advanced and universal musical education. Probably this contrast is the most fascinating aspect of viola recordings, because our violeiros are very successful in building bridges between these two worlds.

Most traditional tunes on this selection can be heard from Renato Andrade, maybe Rodrigo Delage and Roberto CorrĂȘa. While most other tracks sound more modern. Or a mix, I don’t care, because they are all very beautiful.

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